sábado, 17 de janeiro de 2009

Machado da Assis

Gênio que veio do morro Nascido no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) era filho de mulato em uma sociedade ainda escravocrata. Pobre, gago e epiléptico, nada indicaria que ele teria, ao morrer em 1908, um enterro de estadista, seguido por milhares de admiradores pelas ruas da cidade em que nasceu, viveu e morreu. Autodidata, aos 15 anos começa a trabalhar em tipografias, onde conhece escritores importantes, como Manuel Antônio de Almeida. Em 1855, inicia sua carreira literária com a publicação de um poema na revista Marmota Fluminense. Consegue, logo depois, um emprego na Secretaria da Fazenda. Trabalha a vida toda na burocracia, na qual vai galgando posições até ser ministro substituto. Contribui com diversos jornais e revistas e, com a publicação de seus livros de poesia, contos e romances, vai ganhando notoriedade e respeito. Em 1869, casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, enfrentando grave preconceito racial da família da noiva.
Em 1904, morre Carolina. Quatro anos depois, Machado de Assis, consagrado como o maior escritor brasileiro, é enterrado com pompa no Rio de Janeiro. O mulato pobre do Morro do Livramento tornara-se um dos homens mais respeitados do país.
O poeta Machado de Assis iniciou sua carreira literária como poeta. Seu livro de estréia foi Crisálidas (1864), que lhe conferiu imediato sucesso. Embora sua poesia esteja muito aquém da prosa que o imortalizou, nunca deixou de escrever poemas. Em 1870, lança Falenas; em 1875, Americanas; e, em 1901, as suas Poesias Completas, que ainda não incluem um de seus mais famosos poemas, o belo soneto "A Carolina", escrito após a morte da esposa.

2 comentários:

  1. O amor é para o expírito exatamente o que o sol é para a terra.
    Honoré de Balzac

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  2. Dom Casmurro (1899) – Apresenta alguns dos personagens mais complexos da literatura universal. Narrado pelo velho Bento Santiago, apelidado Dom Casmurro, apresenta a história de seu relacionamento – namoro, casamento e afastamento – com Capitu, sua vizinha de infância. O narrador esforça-se por demonstrar o caráter ambíguo e dissimulado tanto de sua esposa quanto de seu melhor amigo, o hábil Escobar, para assim justificar sua convicção de ter sido traído por eles. Como prova da traição, apresenta a semelhança que enxerga em seu filho, Ezequiel, com o amigo, que supõe ser o pai da criança. Mas o esforço é vão. Se consegue construir a imagem de personagens extremamente complexos, nada nos consegue provar, pois o seu próprio caráter é tão fraco, tão inseguro e titubeante que o leitor passa a desconfiar de seus julgamentos. Assim, além de construir a eterna dúvida (Capitu traiu ou não Bentinho?), Machado de Assis apresenta o primeiro narrador não-confiável da literatura brasileira.

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